MH COMICS: Last Dragon - O Rosto da Corrupção




Volume único  - Recomendado para maiores de 18 anos

Esta noite a cidade está barulhenta, antes as ruas tinham alguns Camaros, Mustangs e Corvettes, agora vejo Hondas, Suzukis e Skylines... O mundo mudou muito rápido, as pessoas agora olham para baixo em suas telas portáteis, um mundo na palma de sua mão, dizem as propagandas da Dinamic’s Enterprises... A verdade é que o mundo é muito maior do que a palma de uma mão, mas acho que as pessoas não se importam com isso hoje em dia. Enfim, o mundo mudou, porém uma coisa não mudou...uma coisa nunca muda, as pessoas. 
Já era uma e meia da madrugada em Chinatown, apesar da hora, as ruas sempre estão movimentas, não o tipo de movimentação que eu aprovaria, digamos assim. Do topo de um prédio observo uma viatura, nela estão Oficial Robert e guarda Sanderson, tenho visto a atuação desses dois nos últimos meses, vejo a defesa ferrenha que eles fazem ao “vigilante de Chinatown”, pelo que parece, é como me chamam agora, defendem a tese de bandido bom ser bandido morto, bom... não posso dizer que não concordo com eles, porém hoje vou saber que tipo de bandido eles de fato pensam que deveria morrer. 
- Ei Sanderson! Saia da viatura e investigue aquele beco escuro, aquele idiota não deve estar longe. Disse Robert de dentro da viatura. 
A porta se abre e Sanderson sai de dentro da viatura, engordou muito nas ultimas semanas, talvez seja stress, talvez sejam os donuts que vive comendo quando está de plantão, talvez as duas coisas. Acho que se tudo der certo hoje, irei convida-lo para uma aula grátis no meu dojô. 
-Parado guri! Estou contigo na mira, nem pense em correr! Grita Sanderson. 
Vejo Miguel Diaz, filho de uma mulher negra e um imigrante ilegal mexicano, conheço a família, seu pai foi meu vizinho durante alguns meses, estão com dificuldades financeiras, a mãe recentemente foi assassinada e Miguel começou a trabalhar para ajudar em casa, estava trajando uma jaqueta de cor preta e uma calça jeans, tênis all Stars, cabelo raspado, um fone de ouvido que estava em seu pescoço e uma mochila em suas costas, ele levanta as mãos rapidamente, vejo que o menino está tremendo, será que ele ainda não se acostumou com o que ocorre por essas bandas? 
- Guri a casa caiu, pode ir passando o dinheiro que tu pegou da Pizzaria do Barão! Afirma Sanderson com a arma apontada. 
- Se... senhor por favor, preciso de ajuda. Disse Diaz claramente nervoso. 
- Guri, pouco importa o que você precisa ou deixa de precisar, você pegou o que não é seu e agora vai ser preso!...É melhor cooperar, se não a coisa vai ficar ruim para o seu lado. 
- Mas... Eu peguei o dinheiro para chamar a atenção de vocês, o Barão matou a minha mãe, posso provar isso! Disse o garoto ainda tentando convencer Sanderson. 
Rapidamente ao ouvir o menino, Sanderson passa a mão esquerda no rádio que estava em sua cintura e aperta o botão, vejo em seu rosto que está animado. 
- Oficial, O Senhor teria como vir aqui? É importante. Disse Sanderson no rádio. 
Olho para o outro lado da rua e vejo Robert sair da viatura, Robert era aquele típico Americano padrão, alto, branco, de olhos claros e com cara de quem foi o Quarterbeck do time de futebol no colegial. 
- E então... o que você quer? Ah, vejo que achou o menino! Disse Robert.
- Sim Senhor, achei sim! E ele está com o dinheiro do Barão, porém ele disse algo interessante, disse que tem provas que o barão matou sua mãe. Responde Sanderson ainda bem animado. 
- Acho que finalmente pegaremos aquele desgraçado, Senhor. 
- É, parece que sim. Venha Miguel... é Miguel, não é? Diz Robert com uma voz calma... Talvez calma demais. 
Miguel como um cordeiro indo para o abatedouro abaixa as mãos e vem animado de encontro aos dois policias, em seu olhar vejo esperança, talvez pense que seu martírio trabalhando para o homem que matara sua mãe finalmente tinha chegado ao fim. 
Ao chegar perto de Robert, Miguel ergue sua mochila em direção ao policial e diz: 
- O dinheiro está aqui Senhor, me desculpe eu achei que era o único meio de vocês me ouvirem, já fui à delegacia e ignoraram meu pedido. Diz o jovem. 
- Não se preocupe pequeno Miguel, aqui ninguém irá ignorar sua acusação. Diz Robert enquanto ensaia um abraço em Miguel. 
O garoto se aproxima do Policial que abruptamente da um puxão em seu pescoço o fazendo cair no chão. Miguel cai sem entender o porquê levou um golpe do policial que há pouco estava lhe ajudando. 
- Tinha que ser um preto falador mesmo! Diz Robert com um sorriso no rosto. 
Robert rapidamente saca sua Magnum 45 e vejo o Desespero no rosto de Miguel. Robert pega com sua mão esquerda o telefone Celular no bolso e enquanto disca um número vira para Sanderson e diz: 
- Ô balofo, você não viu nada disso hein! 
Sanderson olha a tudo com um rosto de surpresa, não acreditava que seu chefe e parceiro estava na folha de pagamento do Barão, ele nem queria pensar nesta possibilidade, porém estava claro com a atitude de Robert com o pobre garoto. Precisava pensar rápido, caso se mostrasse totalmente contrario a Robert, ele poderia acabar demitido ou até mesmo morto. 
- Mas senhor... você vai mesmo fazer algo com esse menino? Ele já lhe entregou o dinheiro. Diz Sanderson tentando convencer seu superior. 
- Você está maluco Sandy? Se ele conta isso para um policial xereta, a casa vai cair para o Barão. 
- Costumávamos ser os policiais xeretas... Quando o barão te comprou? Pergunta Sanderson a Robert, mesmo sabendo ser uma pergunta ousada a se fazer. 
- Depois falamos disso, agora preciso avisar que estou com esse menino, se você quiser, te coloco na fita depois. Robert diz cortando o assunto com Sanderson. 
Sanderson era um policial honesto, não poderia aceitar um amigo de farda matar um menino a sangue frio, nem que esse “amigo” estivesse na folha de pagamento de um dos mafiosos da cidade, nem que esse homem fosse seu chefe. Precisava arriscar. 
Sanderson rapidamente aponta sua arma para seu chefe e diz: 
- O senhor está preso! Tem o direito... 
- Ah cala a boca e abaixa essa arma, ô balofo! Interrompe Robert sem paciência. 
- Quer cagar a nossa amizade por causa de um preto de rua qualquer? Beleza, mas quando sua família morrer não me culpe. Diz Robert enquanto colocava o telefone no ouvido. 
- Alo. Sim, sou eu. 
- Estou com o menino aqui, já tenho o dinheiro. 
-Posso sumir com ele, ninguém vai dar falta de um preto qualquer. 
Sanderson abaixa a cabeça derrotado, abaixa a arma e vira de costas, acho que em sua cabeça isso o isenta, como se ele não vendo, não pudesse ser culpado. 
De cima do prédio vejo o que vim investigar, se as pessoas podem mudar, se policiais podiam deixar de ser corruptos e racistas, se as pessoas podiam ajudar um menino que só queria a mãe de volta... Tenho minha resposta. 
Robert desliga o telefone e aponta a arma para cabeça de Miguel. Miguel se abaixa e cobre sua cabeça com seus braços enquanto está no chão. 
-Punho DO DRAGÃÃÃO! 
Quando grito a frase, sinto o Chi percorrer meu corpo e se concentrar no meu punho enquanto pulo do prédio em direção a Robert. 
-Ahhhh! Robert grita... pela última vez. 
-Ei! Parado! Sanderson grita enquanto aponta sua .38 para minha cabeça. 
Miguel olha para mim apreensivo, não sabe se vim para fazer mal ou bem a ele, por um segundo me vejo em seus olhos, esse menino lembra a mim mesmo quando tinha sua idade. 
-Abaixe a arma policial Sanderson, não sou seu inimigo, esta noite você me provou isso. Digo em tom firme. 
-Vigilante Last Dragon, você está preso por Assassinato... 
-De um corrupto racista que mataria um jovem de dezesseis anos só para agradar um mafioso italiano. Completo antes que ele termine a frase corriqueira que estava cansado de ouvir. 
Sanderson abaixa a arma com um olhar de quem concorda comigo, porém tem vergonha de falar. 
-Ele era casado e tinha um filho... Disse Sanderson. 
- E Miguel é filho de um pai trabalhador que chegaria hoje em sua casa e não encontraria seu filho nunca mais. Digo olhando para Diaz. 
- A diferença é que como seu amigo falou, de um negro vocês não sentem falta. Viro-me e me agacho ficando na altura de Miguel, olho em seus olhos assustados e esperançosos, e ofereço minha mão para ajudá-lo a levantar. 
- O... obrigado Last Dragon... Começou Miguel. 
- Não precisa agradecer, desculpe por não estar lá para salvar sua mãe, mas prometo que pegarei o assassino dela, vá para casa garoto. 
Miguel corre pelo beco escuro e o som seus passos ecoam por todo ambiente. 
-Você não pode fazer as coisas desse jeito Last Dragon. Diz Sanderson de cabeça baixa. 
-Policial Sanderson, se não fizer desse jeito, meus irmãos continuarão sofrendo na mão de pessoas como Robert. Disse a ele. 
-Então da próxima vez que nos virmos terei que te prender. Disse Sanderson em tom firme. 
Me virei, olhei em seus olhos, e creio que ele olhava nos meus através da máscara, via seu olhar de um homem que ainda confiava no sistema, um homem que queria fazer o certo, não era um racista nojento como os outros policiais que encontrei na cidade, aquele homem de meia idade com sobrepeso, meio careca que normalmente era de sorriso fácil e ostentava a vontade de sair por ai matando bandidos, agora muda drasticamente seu discurso ao ver um de seus amigos morto em virtude da guerra contra o crime. 
- Você pode tentar policial Sanderson, mas creio que não o fará, no fundo você sabe que bandido bom é bandido morto. 
-VELOCIDADE DO DRAGÃO! 
Pronuncio as palavras e sinto meu Chi fluindo para minhas pernas, logo posso correr mais rápido que um Camaro SS, saio daquele beco e em um piscar de olhos estou novamente em cima do prédio. Observo Sanderson passar um rádio para central. 
- Oficial caído. Repito Oficial caído! 
-Oficial Robert Simon foi abatido por membros da Máfia italiana. Disse Sanderson no Rádio. 
Sanderson leva as mãos em sua cabeça, e sai do beco lentamente enquanto volta à viatura. Realmente talvez não sejam todos os brancos racistas nojentos, talvez as pessoas possam mesmo mudar, aquele policial me faz ter esperança de que talvez existam pessoas que julguem as outras pelas ações e não pela cor de pele.
-Mais um dia em Chinatown, ainda preciso ir atrás do Barão, devo isso ao menino. Sussurro ao vento para o bairro.
            Salto de um prédio para outro, e do outro lado da rua vejo jovens negros vendendo drogas para adolescentes asiáticos. Por um momento me envergonho... se Oficial Robert visse essa cena, me diria com sorriso de deboche no rosto que estava certo, que todos os pretos são iguais.
- Não no meu bairro! Digo com convicção enquanto serro meu punho e corro para o peitoril do prédio.

- PUNHO DO DRAGÃÃÃÃO!


MH COMICS: Last Dragon O Rosto da Corrupção
Escritores:
Sergio Guilherme
Produção
Sergio Guilherme
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