MH COMICS: Impressionantes Inclusivos: Origens - Ômega Rubi



Certo... Vou contar um pouco sobre a minha história... Primeiro de tudo, sou deficiente visual, esses óculos não são simplesmente para lançar algum estilo de moda novo. Mas, não se engane, posso ser mais durona e difícil de derrubar, do que você possa imaginar.

Talvez, devido aos excessos de minha mãe, na bebida e no cigarro, possa ter ocasionado uma má formação durante a gestação, que me fez nascer sem os olhos. Ela nunca pareceu aceitar essa minha condição muito bem. Já o meu pai, me trata como uma verdadeira princesa, realmente me fazendo sentir como a pessoa mais importante e especial da vida dele. E para mim, é isso o que realmente importa.
Tudo aquilo que me falta, por parte da minha mãe, eu encontro nele e muito mais, seria capaz de dar a minha vida por ele e sei que ele também faria o mesmo por mim. É interessante pensar que, ao contrário das expectativas de minha mãe, que sempre me dizia que eu jamais conseguiria ser alguém na vida, ou que eu não seria capaz de superar a minha necessidade especial, o meu pai não enxergava defeitos em mim e sempre me tratou como uma menina normal, buscando sempre me ajudar em tudo, desde professores particulares a aparelhos eletrônicos que pudessem facilitar a minha vida e também, sempre gostou de fazer as minhas vontades.
Eu ouvi no rádio sobre pular de paraquedas e gostaria de tentar, lá estava ele junto comigo, me apoiando e pulando de paraquedas junto comigo, andar de lancha? Sem problemas. Mesmo não enxergando, as sensações que eu vivenciava, sempre eram muito boas, mas, mais especial do que isso, era eu saber que tinha alguém com quem eu realmente podia contar e que não iria me julgar ou menosprezar.
Tudo mudou, quando eu tinha quatorze anos, em mais uma das noites que minha mãe estava fora, provavelmente bebendo e gastando o dinheiro do meu pai, em casacos de pele e cigarros caros... Dois bandidos entraram em nossa casa, eu ouvi um barulho estranho e tentei procurar o meu pai, que estava caído no pé da escada, desacordado e sua cabeça parecia estar molhada, depois eu viria à saber que ele tinha sido golpeado e estava sangrando... Eu comecei a ficar assustada e entrar em desespero.
Quando os bandidos vindo do quarto me encontraram e disseram:
- Não se preocupe, ruivinha. Seu pai ainda está vivo, já pegamos o que queríamos. Disse o primeiro bandido, de forma sarcástica e começou a rir.
- Uma casa tão bacana, como essa. Vocês deveriam colocar equipamentos de segurança melhores do que esses. Foi tão fácil invadir e acabar com esse velhote. Disse o segundo bandido, de forma irônica, como se a vida do meu pai não significasse nada para ele.
Nesse momento, eu me senti tomada por um ódio descontrolado, um sentimento tão intenso, que não consigo descrevê-lo e espero não sentir novamente.
- O que vocês fizeram com ele? Eu disse, com a voz sufocada de ódio, enquanto lágrimas escorriam em meu rosto.
- Não se preocupe garotinha, ele ainda não morreu. Como eu disse, já estamos de saída. Disse o primeiro bandido, a voz dele parecia trêmula, por um segundo, eu tive a impressão de que ele havia se assustado com alguma coisa.
- Pensando bem, acho que vamos levá-la também... Uma casa dessas... Com certeza, vocês devem ter muito mais dinheiro. Vai valer a pena o valor que vamos exigir pelo seu resgate. Disse o segundo bandido, que parecia um pouco distraído, deu dois passos em minha direção e rapidamente parou.

Nesse momento, eu comecei a sentir, como se estivesse fora de mim, minha percepção sensorial mudou e eu conseguia perceber com clareza onde eles estavam... Eu conseguia sentir o ambiente a minha volta, era como se eu estivesse enxergando, mas através do meu corpo.
Eu sentia uma energia intensa em minhas mãos, que parecia se moldar a minha vontade, nesse momento, os bandidos começaram a entrar em desespero e largaram tudo, tentando fugir, mas, meu ódio falava mais alto, eu dei um beijo na testa do meu pai, que estava morna, sequei minhas lágrimas, me levantei e virei em direção aos bandidos que corriam.
- Vocês não vão à lugar nenhum! Se quiserem algum resgate, então deverá ser o de vocês mesmos! Não depois do que fizeram com o meu pai... Vocês vão pagar muito caro por isso! Ao dizer isso, a energia de minhas mãos se moldou em duas mãos grandes, que se estenderam na direção deles e os agarrou pelo pescoço, sufocando-os. Calmamente, eu ando na direção deles, ainda queimando de ódio por dentro. Dessa vez, não precisei da ajuda de minha bengala para andar, pois percebia com clareza o ambiente à minha volta.
- O que é você? Isso não parece normal... Disse o primeiro bandido, que se debatia e chorava, em total desespero.
- Você é alguma espécie de monstro? Disse o segundo bandido, a ponto de desmaiar de medo.
- Eu sou seu pior pesadelo! Deveriam ter passado direto, quando viram a minha casa. Tomada pelo ódio, eu quebrei um braço deles, com mais um par de mãos energéticas que criei, fazendo com que gritassem de dor. Utilizei a energia dos meus poderes para abafar o som. E quebrei o outro braço deles, como se fossem palitos de dente.
- Vocês nunca mais vão usar esses braços para fazer mal à outra pessoa. E lembrem-se: Se por acaso pensarem em invadir outra casa novamente, espero que se lembrem do dia de hoje e pensem bem, se realmente vale a pena. Eu disse, com a voz seca e em um tom extremamente intimidador e os soltei no chão. Eles se levantaram desastradamente, rolando e tropeçando nas próprias pernas, recuperando o fôlego.
- Corram! Antes que eu faça uma besteira e decida acabar com o sofrimento de vocês aqui mesmo. Eu disse, mas comecei a sentir uma forte dor de cabeça. Eles correram e sumiram. Eu sinto minha raiva começar a passar e meus sentidos sensoriais, começam a voltar ao normal e já não percebo mais o ambiente à minha volta. Sem a minha bengala, sigo engatinhando em direção onde está o corpo do meu pai.
- Por favor, não me deixe. Não sei como vai ser a minha vida sem você. Comecei a chorar desesperadamente. Debruçada sobre o meu pai. Ao fundo, ouço sons de sirenes. Carros estacionando rapidamente, passos rápidos. Ouço uma voz feminina, que parecia preocupada.
- Sou a oficial Mauritz, tem alguém aí? Alguém precisa de ajuda? Disse ela, que parecia entrar pela porta da frente, com passos lentos, como se estivesse sendo cautelosa.
- Aqui! O meu pai está ferido, por favor, nos ajude. Não o deixe morrer! Eu gritei em meio ao choro, com toda a força de meus pulmões. A dor de cabeça piorou e eu sinto perder as forças e acabo desmaiando.
Permaneço desacordada por doze horas. Quando acordo, me encontro em uma cama desconfortável e um ambiente frio. Um cheiro forte de éter e álcool. Sinto uma leve dor de cabeça, que passa em alguns minutos. Com a garganta seca, sinto uma ardência em meu braço esquerdo e passo minha mão direita em meu braço esquerdo para sentir se há algo de errado. Sinto algo espetado em meu braço, que parece estar colado, instintivamente, eu puxo, arrancando e sentindo um pouco de dor da fita adesiva que estava colada em minha pele.
- Calma minha jovem, não se assuste. Sou a enfermeira Agnetha. Você está no Hospital Municipal de Ulvaeus – Suécia.
Eu acompanhei o resgate do seu pai, ele está preocupado com você, mas no momento, está realizando alguns exames para termos certeza de que vai ficar tudo bem. Ele me fez prometer que eu iria acompanhar você de perto. Realmente, ele estava certo. Você é uma garota durona. Ela parecia tranquila e um pouco surpresa.
- O meu pai? Como ele está? Eu preciso falar com ele! Preciso ir até ele! Onde está a minha bengala? Tento me levantar rapidamente, como que em um impulso, sinto a dor de cabeça novamente, talvez, devido à rapidez de meus movimentos e sinto a enfermeira Agnetha se aproximando e colocando as mãos em meus ombros.
- Não se preocupe. Ele está fora de perigo. Isso. Deite-se. Devagar. Você quer um copo d’água? Vou fazer um curativo em seu braço.
Ela dizia tudo com uma voz tão tranquila e confiável, fez o curativo em meu braço e me trouxe um copo d’água, me ajudando a ficar sentada por alguns minutos, depois, eu me deitei novamente, ainda sentia um pouco de dor no corpo, talvez, por ter ficado muito tempo na mesma posição.
- Tem uma pessoa que eu acredito que queira te ver. Vou chamá-la. Se precisar de alguma coisa, é só apertar esse interruptor. Ela me estendeu um fio, com um interruptor na ponta, colocando na minha mão direita, para eu segurar e saiu apressada.
Alguns minutos se passam e eu tento encontrar uma posição confortável para ficar deitada.
- Voltei. Se comportou bem enquanto eu estive fora? Eu trouxe uma pessoa. Ela disse em um tom alegre e animado.
- Graças a Deus, seu pai está fora de perigo. Os médicos disseram que estão realizando exames preventivos agora. Espero que a empresa cubra essas despesas médicas, afinal, os meus cartões de crédito não vão se pagar sozinhos... Eu não pude nem entrar em casa, a polícia não deixou. Disseram que estavam investigando, buscando provas... Reconheço a voz de minha mãe, mas antes mesmo que ela abrisse a boca, o cheiro de álcool e cigarro já havia impregnado o ar, fazendo com que eu já soubesse quem estava chegando. Nesse momento, minha mãe pega a bolsa, abre e parece pegar um cigarro e um isqueiro, tenta desajeitadamente acender, no entanto, a enfermeira parece tomar da mão dela e a repreende.
- Lamento, senhora, mas é proibido fumar nesse ambiente. Estamos em um hospital. Eu vou deixar essas coisas no armário e quando sua família receber alta, a senhora pode pegar de volta. Disse a enfermeira Agnetha, em um tom decepcionado. Vou deixá-las a sós por alguns minutos. E assim, a enfermeira saiu, fechando cuidadosamente a porta do quarto.
- Besteira... Isso é um absurdo! Não há nada de errado em fumar... Leis? Quem precisa delas, quando nos proíbem de poder fazer alguma coisa... Quero poder voltar logo para casa, estou tão preocupada, tem algumas joias e casacos de pele que ainda não usei... Tomara que aqueles investigadores incompetentes não roubem nada... Disse a minha mãe, com um tom absurdamente irônico e arrogante.
- Você é ridícula! Está aí, fedendo e provavelmente, de ressaca, como sempre. Mais preocupada com seus casacos de pele idiotas e bens materiais inúteis, do que com o que aconteceu comigo e com o papai. Eu disse, tentando me controlar para não gritar.
- Ora, mas é claro que eu me preocupo com o seu pai, queridinha. Afinal de contas, não posso ser uma mulher pobre... Imagina o que as pessoas iriam pensar de mim? Ai! Sinto rugas se formando, só de pensar. Disse a minha mãe, em seu tradicional tom irônico e arrogante.
- Entendo. Como sempre, o tamanho do seu ego, consegue se superar. Eu estou bem, não precisa se preocupar. Aliás, se quiser, pode sair. Por que esse cheiro está me deixando com dor de cabeça. Eu disse, estressada já e não queria perder a paciência dentro do hospital.
Minha mãe saiu e eu fiquei sozinha no quarto. A rotina do hospital se seguiu, com alimentação e medicamentos, em horários específicos. Na manhã seguinte, meu pai e eu recebemos alta juntos. Minha mãe já não estava mais no hospital. A polícia conversou com o meu pai e disse que ainda estavam investigando, mas, sem sucesso até o momento. Meu pai contratou seguranças particulares e planejou uma reforma na casa. Passaram-se três semanas, com exceção dos seguranças, que se revezavam do lado de fora da casa, não mudou muita coisa na rotina, meu pai tirou uns dias para ficar em casa e se recuperar, mas rapidamente, voltou à rotina de trabalho, na fabricante de carros e caminhões, onde ele era sócio e vice-presidente. Minha mãe continuou saindo e fazendo suas festas e seus vícios. Até, que um dia ela chegou mais cedo e parecia bastante alterada.
- Eu não acredito que preciso passar por essa humilhação. Quando eu me casei com você, foi para ser uma mulher rica. Que história é essa de que você não pagou as faturas dos meus cartões? Ela parecia estar bêbada.
- Fique calma, meu amor. Infelizmente, estamos realizando alguns cortes de gastos na empresa e dadas às circunstâncias do assalto, as despesas médicas, a contratação dos seguranças e a reforma na casa, você vai precisar gastar menos, por uns tempos. Meu pai se levantou da mesa de jantar e foi até o hall de entrada da casa, eu parei de comer. Perdi a fome.
- Gastar menos? Eu vou fingir que não ouvi isso! Eu sou a senhora Heather, esposa do senhor Heather, vice-presidente das Indústrias Larson, a maior fabricante de carros e caminhões que a Suécia já viu. Não venha me dizer quanto eu posso gastar. Não foi para isso que eu me casei com você. Quer saber de uma coisa? Eu já estou cansada disso tudo, acho bom você se virar e dar o seu jeito. Minha mãe começou a gritar com o meu pai e eu comecei a ficar nervosa e irritada e comecei sentir a minha percepção sensorial se manifestar novamente, me levantei irritada e fui até o hall de entrada da casa.
- Você abaixe o seu tom de voz para falar comigo, sua... Sua... Bêbada! Viciada! Olha para você, olha para o seu estado! Eu estou cansado disso tudo. Você não é mais aquela mulher com quem eu me casei. Você está em um estado deprimente... Acabada... Meu pai falava, em um tom trêmulo, nervoso.
- Como ousa falar assim de mim? Disse minha mãe, completamente alterada. Acertando um tapa na cara do meu pai. Que ficou sem reação. Quando eu percebi o que a minha mãe tinha feito, eu corri e me atirei em cima dela, empurrando e derrubando no chão.
- Você nunca mais encoste um dedo no meu pai novamente, sua monstra. Eu falei com a voz engasgada, tentando segurar o choro. Minha mãe subiu as escadas correndo, chorando escandalosamente.
Eu me ajoelhei na frente do meu pai e implorei.
- Por favor, papai, eu não aguento mais essa vida, não consigo mais viver com essa mulher que só sabe nos destratar. Olhe para você, olha o que ela fez. Vamos sair dessa casa, pelo amor de Deus! Eu não aguento mais todo esse sofrimento... Eu disse, chorando, implorando. Ele se ajoelhou me abraçou e me ajudou a ficar de pé. Secou as minhas lágrimas e subiu comigo até o meu quarto.
- Você tem razão, meu amor. Eu não quero vê-la sofrendo mais. Para ser sincero, eu já queria ter pedido a separação há bastante tempo, mas tentei manter o casamento, pensando que seria o melhor para você. Mas, vejo que estava enganado. Peço que me perdoe por isso. Vou ligar para o meu advogado, amanhã de manhã e pedir os documentos para a separação. Agora, é melhor você dormir, não se preocupe, as coisas vão melhorar. Ele beijou a minha testa, me cobriu na cama e saiu do quarto.
Apesar de preocupada, comecei a sentir um pouco de dor de cabeça, tentei relaxar um pouco, até que adormeço. Na manhã seguinte, meu pai avisou a minha mãe que iria pedir a separação. Ela tentou fazer chantagem emocional, porém, sem sucesso. Saiu e não voltou mais. O dia seguiu normalmente, com minhas aulas particulares e meus afazeres cotidianos. À noite, meu pai disse que iria vender a parte dele na empresa e queria saber o que eu acharia de iniciarmos uma nova vida em outro país. Eu fiquei empolgada e concordei imediatamente, colocou a casa à venda e iniciou o processo de separação. Um mês se passou e foi feito um acordo de separação extrajudicial. Nunca mais tivemos notícias de minha mãe. O processo de venda da sociedade dele na empresa também foi rápido e começou a planejar a nossa viagem.
Me disse que tinha conseguido comprar uma boa casa em uma cidade chamada Lazy Town, nos EUA. E estava dando entrada nos passaportes e descobriu que em Lazy Town, havia uma escola especializada no ensino para pessoas portadoras de necessidades especiais, que era mundialmente reconhecida por seu trabalho.
Eu estava empolgada com a ideia de finalmente, poder ir à escola, como todas as outras pessoas. Dois meses se passaram e o dia da viagem chegou, decidimos não levar muita coisa e comprar tudo o que fosse necessário, quando chegássemos aos EUA.
Levei alguns dias para me adaptar ao novo fuso-horário e meu pai me matriculou na Lazy Town Middle School. No primeiro dia de aula, ele me acompanhou e chegamos mais cedo, para ele e uma das inspetoras me ajudarem a me familiarizar com os ambientes, corredores e salas de aula, foi bem tranquilo, o colégio era adaptado e eu me adaptei em pouquíssimo tempo.
Durante um dos intervalos, uma aluna chamada Monica e seu grupinho vieram implicar comigo, me pegaram desprevenida dessa vez, mas eu jurei que da próxima vez que eles viessem mexer comigo, ia me certificar de que não fariam novamente.
No começo, eu me mantive isolada e não falava com ninguém, frequentava as aulas normalmente e aproveitei para me especializar em informática avançada, já que os computadores de lá eram adaptados e possuíam programas que facilitavam o acesso às pessoas portadoras de necessidades especiais. Em um desses momentos no laboratório, esbarrei em um simpático rapaz, que também fazia parte do programa de tecnologia avançada da escola.
- Hei moça, mais cuidado... Perdoe-me, eu não havia me dado conta... Disse o rapaz, que parecia estar distraído com alguma coisa e não tinha me visto, um pouco atrapalhado e sem jeito.
- Tudo bem, da próxima vez, eu quebro o seu pescoço. Eu disse isso, com um tom sarcástico e abri um sorriso.
- Calma lá, já me faltam algumas coisas, não posso quebrar o que tenho. Estava aqui, desenvolvendo alguns protótipos robóticos... Essa escola é muito boa mesmo! Toda essa tecnologia! Ele disse, maravilhado e se distraindo novamente.
- Entendi, realmente, deve ser muito incrível... Agora, quem sabe, se você me disser o seu nome, eu até aceito um convite para sair. A não ser que eu precise quebrar o seu braço, para ver se você presta um pouco mais de atenção em mim... Eu disse, em um tom irônico e cruzei os braços.
- Ah sim, claro... Eu sou o Richard, muito prazer... O que? Sair? Você? Convite? Aceita?  Ele disse confuso e perdido, quase derrubando o tablet que estava em sua mão.
-Sim, eu deixo você sair comigo hoje à noite. Eu ri e achei interessantes as oscilações na voz dele, enquanto estava nervoso e perdido. Segui em direção à saída da sala e o chamei. Hei garotão, segure! Lancei o celular dele em sua direção e ele desajeitadamente conseguiu pegá-lo. Sou Anne, muito prazer. Meu número está salvo aí, pode me ligar. Sorri e fui para casa. Quando cheguei em casa, encontrei com meu pai, que parecia empolgado e queria conversar comigo.
- Filha, que bom que chegou! Está com fome? Como foi seu dia? Alguma novidade? Já fez algum amigo? Tenho uma novidade para te contar. Meu pai disse isso, de forma feliz e animada. Na verdade, ele sempre me fazia essas mesmas perguntas todos os dias, quando eu voltava da escola, só a parte da novidade que era incomum mesmo.
- Oi pai. Sim, estou morrendo de fome. Meu dia foi tranquilo, não bati em ninguém hoje. Sim, tenho uma novidade, acho que arrumei um namorado. Então, o que você queria me contar mesmo? Eu respondi, de forma natural, com exceção da parte do namorado, que eu respondi como se fosse à coisa mais normal do mundo.
- Ah sim, o almoço ficará pronto em uns dez minutos, você pode ir lavar as mãos... Ah, que bom minha filha... Peraí, namorado? Não entendi... É brincadeira, não é? Meu pai começou a ficar nervoso, gaguejando, parecia buscar palavras que fugiam de sua mente.
 - Ué, um namorado... O que que tem? Ah, não me diga que está com medo que alguém faça mal a sua filhinha. Já tenho quinze anos pai, não se preocupe, sei me defender e tenho praticado aquela minha joelhada fatal. Ele é muito simpático, um pouco lerdo, eu diria. E ele vem me buscar hoje à noite. Eu volto antes das dez. Relaxa. Eu respondi tratando o assunto como o mais normal possível, independente do que estivesse se passando na cabeça do meu pai. Aliás, qual era a novidade que você queria me contar? Perguntei a ele, de forma animada.
- Ah... Sim? Ah, claro! Venha comigo. Ele me estendeu o braço e estava me levando em direção à sala de estar. Sente-se aqui. Ele me ajudou a sentar em um banco macio e comprido. Agora, me dê suas mãos. Ele segurou em minhas mãos e as colocou em uma superfície um pouco fria, ao tocar, saíram alguns tipos de sons. Não é incrível? Ele disse com a maior empolgação.
- Hã...? Um piano? Nossa! Pai, Isso é ótimo! Eu quase dei um pulo de alegria.
- Sim, vou agendar as aulas com o seu professor de piano, essa semana mesmo. Eu não sei quem parecia estar mais empolgado com a novidade.
Fomos almoçar e Richard me ligou, ele disse que passaria de Caddy Drive, às dezenove horas para me buscar. Meu pai me ajudou a me arrumar e escolher uma roupa e tudo mais. Eu confesso que estava ansiosa e um pouco preocupada, pois não sabia o que fazer em um encontro. Mas, cheguei à conclusão de que deveria ser eu mesma e demonstrar o máximo de autoconfiança, como sempre. A noite chegou e o horário do encontro também. Meu pai decidiu me acompanhar até o carro, para ver de perto quem era o Richard e disse:
- Rapaz, considere-se a pessoa de maior sorte no mundo. De todos os meus bens, você está saindo com o mais precioso de todos. Espero que a traga de volta até  às vinte e duas horas, exatamente como ela está saindo, se não, teremos problemas e você não vai querer ter problemas comigo. Meu pai disse, em tom firme e sério, Richard ficou sem palavras e um nervoso.
- Eu... Eu... Aham... É... Não se preocupe, senhor... Richard estava nervoso, gaguejando.
- Não se preocupe, papai. Também prometo devolver o Richard inteiro no final do dia. Eu disse, de forma sarcástica, entrando no carro. Então, garotão, a comida desse restaurante é boa mesmo? Fica calmo, já pode parar de tremer. Dei um beijo em seu rosto. Sabe? Eu nunca comi comida mexicana e to morrendo de fome. Dei um sorriso e segurei na mão do Richard.
- Oi? Hã? Sim, é muito bom e os preços também são muito bons. Não me leve a mal, não quero que tenha a impressão errada a meu respeito, a minha renda vem da bolsa de estudos que eu recebo do colégio e dos prêmios que conquisto nas feiras de ciências e robótica. Ele parecia um pouco nervoso, mas já estava começando a ficar mais tranquilo.
- Não se preocupe. Eu sou o tipo de garota que divide a conta. Não sou do tipo interesseira. Fique tranquilo. Estou aqui pela companhia. Conversamos mais um pouco até chegarmos no restaurante.
O encontro foi tranquilo. Apesar da comida um pouco apimentada, mas depois eu me acostumei. Por ironia do destino, quando íamos dar o nosso primeiro beijo, um grupo de cinco assaltantes entrou no restaurante e iniciou um assalto. É incrível como essas coisas acontecem. Eu pensei: Não sou o tipo de garota que vai deixar isso acontecer assim. E me escondi debaixo da mesa. Devido ao estresse da situação, senti meus poderes se manifestando, infelizmente, não havia muito tempo para pensar e quando me dei conta, Richard também estava debaixo da mesa. Eu percebi que os óculos que ele usava estavam se transformando em uma espécie de capacete, ao mesmo tempo em que eu usava os meus poderes para esconder o meu rosto.
-Depois eu explico. Dissemos ao mesmo tempo.
Eu saí debaixo da mesa e usei meus poderes para lançar um raio de energia que quebrou todas as lâmpadas do restaurante, deixando tudo no escuro. Richard começou a atirar raios laser de seu capacete, eu prendi os cinco em uma rede energética e Richard os nocauteou com uma última rajada energética. Saímos correndo do restaurante. Eu deixei uma nota de cem dólares sob a mesa e fomos parar em um bosque próximo.
- Eu não sei como dizer isso, mas... Espero que... Começamos a falar ao mesmo tempo.
- Certo, vamos respirar. Então, eu não sei explicar exatamente como, mas, eu tenho poderes, eles se manifestam em situações de estresse. É isso! Eu estava um pouco nervosa, mas resolvi ser direta.
- Uau! A minha namorada tem superpoderes? Isso é incrível! Richard falou, animado e um pouco sem fôlego.
- Namorada é? Não tava sabendo disso não. Mas, tudo bem. Eu deixo você namorar comigo. Eu disse, meio sem graça, mas sem perder a pose.
- Sério? Eu tinha planos de fazer o pedido no final do encontro, mas, tudo aconteceu tão rápido... Nossa! Você aceita mesmo? Esse é o dia mais feliz da minha vida! Ele disse isso empolgadamente e nos beijamos.
- Então, eu acho que poderíamos fazer isso mais vezes! Eu respondi meio ofegante, após o beijo.
- O que exatamente? Sair para jantar, combater o crime ou nos beijarmos? Disse Richard, com um largo sorriso no rosto.
- Um pouco de cada coisa. Eu respondi, verificando a hora no celular. É, acho que está na hora de voltar para casa.
- Ah sim, o seu pai... É verdade... Disse o Richard, apavorado.
- Fica tranquilo, eu cuido dele. Aliás, eu gostei muito da forma como você enfrentou aqueles bandidos. Acho que formaremos uma ótima dupla. Eu o puxei e dei mais um beijo. Agora, precisamos ir.
- Uma dupla... Se isso é um sonho, eu não quero acordar... Certo, vamos! Amanhã, teremos muito que conversar. Disse o Richard, empolgado.


MH COMICS: Impressionantes Inclusivos: Origens - Ômega Rubi
Escritores:
Iury Maués
Produção:
Iury Maués
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