MH COMICS: Super Fly - Esperança! Anual #1



Fazia frio, o cheiro de graxa estava por todos os lados em um ambiente nada comum para uma cidade que respirava modernidade, Megacity possui carros elétricos e uma população ambientalmente consciente, é normal encontrar uma jovem vestindo casacos pretos e calças legings esportivas, andando em ecológicas bicicletas rosa de cestinha, também é comum painéis solares em alguns pontos de multas em vagas de proibido estacionar. 
Apesar de tudo isso, a família Deloy possui uma velha mecânica de frente para a padaria portuguesa próxima a um bulevar. É um negócio de família que se arrasta há décadas. O velho Deloy, abriu a garagem para consertar velhos carros escaravelhos 66, modelos que só eram vendidos na cor vermelha prateada e com um potente motor v8, e por obra do engraçado destino, a primeira marca de carro consertado pelo velho Deloy encontrava-se novamente na mecânica dos Deloy. 
- Que bela peça! Que máquina! - Exclamou Frank Deloy, com suor na testa, enquanto olhava espantado o velho escaravelho 66 que acabara de chegar a sua mecânica. 
- Arthur foi você que recebeu esse cliente hoje de manhã? Perguntou Frank 
- Recebi sim Pai… Respondeu Arthur Deloy, não entendendo tamanha admiração de seu pai por aquela velharia. 
Arthur é um garoto franzino que constantemente usa seu boné vermelho e anda com um casaco flanelado sujo de graxa, sua calça suja de graxa, seu all star sujo de graxa e por muitas vezes, seus cabelos claros ficam marrons, pois também se encontram sujos de graxa. 
- Essa lata velha chegou hoje de manhã, mas acho que não vai ter conserto… Completou Arthur. 
- Mais respeito por esse carro moleque! Você esqueceu o lema dos Deloy? Os carros sempre têm conserto quando se trabalha com amor! Disse Frank visivelmente irritado. 
O carro tinha conserto só precisava das peças ideais que a mecânica não obtinha no momento. 
- Só precisamos das peças certas! Disse Frank Orgulhoso. 
- Vá até o mercado e traga a Chave Belga, sim… 
- E se só tiver a chave Alemã? Disse Arthur. 
- Só a Belga serve! Ouviu bem moleque? Disse Frank irritado.
Eram quase 18h00 da tarde, quando Arthur se apressou para pegar sua bicicleta perto da mecânica, e resolveu ir direto para o mercado de peças Storms. As ruas estavam lotadas de pessoas voltando do trabalho para casa, mas no Bairro Central as coisas eram diferentes, a essa hora, os becos ficavam vazios e tudo podia ficar perigoso, e só lá havia uma loja de peças Storms. 
- Ei... ei pirralho! Onde pensa que vai? Perguntou um sujeito que saía do beco como uma sombra. Essa pergunta fez com que os pelos de Arthur ficassem arrepiados. 
- Eu vou dar uma volta… - Tentou disfarçar, mas a tremedeira em suas mãos denunciava sua mentira. 
De repente, passos foram ouvidos vindos do beco, e se aproximavam cada vez mais, de repente, mais cinco mal encarados chegaram, aparentemente armados e usando roupas largas. 
- Não minta para mim Arthur Deloy! Disse gritando um dos elementos que saíra da escuridão. 
- Ninguém passa pelo Bairro Central a partir de hoje sem ter o devido respeito por Oblivion!
Cabelos para o alto, sobretudo preto com detalhes em prata e olhos cobertos por uma máscara negra, alguém que se intitula Oblivion, já é ameaçador por si só. 
- Como você sabe meu nome…?! - A voz de Arthur quase não saía.
- Eu sei de tudo! Uma mente fraca é fácil de invadir… é irritante sua fraqueza, implore por sua vida e talvez eu pense no caso de deixá-lo passar. Disse Oblivion enquanto seus companheiros se aproximavam ameaçadoramente. 
- Mas… eu só queria ir até a Storms… - Ah! 
Uma dor terrível acometeu Arthur, que instantaneamente  sentiu uma enorme vontade de vomitar e parecia explodir de dentro para fora. 
- Você titubeou, e odeio isso. Disse Oblivion, estendendo sua mão de onde saia uma espécie de energia púrpura e entrava pela boca de Arthur fazendo-o cair. 
- Ele morreu? Perguntou surpreso um de seus comparsas. 
- Sim, deixem ai para os jornais. Megacity de hoje em diante tem que saber de uma vez por todas que tem que se dobrar às minhas vontades, e a família Deloy vai ter a honra de ser a primeira a provar de meus poderes. 
Já estava tarde, todos partiram, só restava o corpo estatelado do jovem Arthur Deloy em um beco no Bairro Central, descoberto horas mais tarde por um grito assustado de uma menina e seu gato. 
Era um dia ensolarado em Megacity, os raios de sol passavam por todos os arranha-céus da cidade, tocando delicada e infernalmente o chão de concreto. A multidão passava ao longo do dia, e longe de toda essa multidão, do alto, tão alto onde o volume dos carros não podia mais ser ouvido, se encontrava sentada na companhia de gaivotas, uma jovem mulher.
- Que fome! finalmente irei parar e comer um pouco… Pensou Natasha. 
Natasha era uma jovem de vinte e um anos muito simpática, adorava estudar cinema e artes nas horas vagas, brigava constantemente com seu cabelo liso escorrido que insistia atrapalhar sua visão em seus vôos rasantes. Natasha Canaggio sofria por um mal que quase ninguém mais sofria, ser uma heroína e se esconder constantemente pelo Álter – ego de Super Fly, um pouco brega, era o que todos diziam, porém, era de autoria própria e ela adorava esse nome. 
Super Fly adorava desafios, ajudava velhinhas atravessarem ruas, salvava gatos de árvores, estava sempre disposta a ajudar, porém, estava meio cansada de missões triviais e precisava de um caso de verdade, acreditava que com seu incrível vôo poderia cobrir grandes distâncias, e com sua força, maior do que a de dez homens, seria quase imbatível, sem contar em sua capacidade regenerativa invejável. 
-… Vamos ver se consigo um caso de verdade agora, nem que sejam aqueles que heróis consagrados deixam passar… Pensou Super Fly com sua capa vermelha ao vento batendo nas antenas de telefonia do arranha – céu. 
Na tela do smarthphone, destacava-se uma notícia em letras garrafais que pareciam saltar do aparelho e se encontrava no topo da descrição do site da CMN o maior canal de notícia de Megacity, CORPO DE JOVEM É ENCONTRADO: Polícia acredita ser Arthur Deloy, morto misteriosamente. Passando os olhos sobre a notícia, Super Fly ficava cada vez mais ansiosa, até porque, nos comentários da notícia constava que o acontecimento da morte do jovem Deloy ocorreu devido a um ataque de Super Vilão. 
- Um caso policial… ainda por cima com um super vilão no meio, vai ser a oportunidade perfeita! 
Pensou chacoalhando as mãos intensamente, passou o dedo e fez uma ligação para a sua prima, Sabrina que sabia das atividades e dos poderes de Super Fly. 
- Alo... Sabrina? Acorda! Já são dez horas da manhã. 
- Alo… Natasha, tá muito cedo… que aconteceu? - Disse Sabrina com uma voz extremamente sonolenta.
- Cedo?... Enfim, preciso que você faça um levantamento para mim, é sobre um caso de assassinato em Megacity… um jovem, tem fortes indícios de envolvimento de um super vilão… e… Disse Super Fly muito agitada. 
- Ei, espere Natasha! Tem certeza?… Você sabe que ainda está na Universidade… 
A Universidade de Mutantes de Megacity era um enorme campus construído no século XIX para ajudar pessoas com cromossomos Z a se socializarem, visto que os mutantes não eram aceitos socialmente, mesmo em uma cidade global como Megacity. Normalmente seus alunos eram testados para utilizarem seus poderes com responsabilidade e não poderiam sair nas ruas resolvendo casos, entre tando, vez ou outra, Super Fly saia e tentava realizar seu maior sonho. 
- Sim, mas… além das minhas aulas normais, eu tenho simulações de combate… essas simulações são para que? Afinal, eu não posso sair e ser útil? Por favor, prometo que não vou me machucar… Insistiu Natasha com sua voz macia. 
- Está bem, mas se ficar muito perigoso irá parar com as investigações...ok? Até logo… Desligou Sabrina. 
- Engraçada, não quer usar seus poderes e não deixa quem quer usar… Pensou Super Fly. 
- É Hora de descer! Disse Super Fly se jogando da estrutura de cento e vinte andares e voando graciosamente entre os prédios. 
Já eram quase onze da manhã, e em breve deveria voltar para Universidade que também era sua casa já que morava em um regime de internato, pelo motivo óbvio  de que não tinha parentes vivos, e desde que se entendia por gente considerava seu pai o Sr Robert Smith Whash, conhecido também pelo Álter ego Carbono Vermelho e Reitor da Universidade de Mutantes de Megacity. Ao pousar no solo, ouviu pessoas gritando e muitas buzinas inquietas… 
- Ei! Você não é uma super - heroína? Perguntou com uma voz firme uma moça negra com cabelos de Dread. 
- Quem? Eu?… Pensou Super Fly nervosa, mas mantendo a calma. 
- Sim! Eu sou a Super Fly, amiga de todos! Disse levantando o queixo. 
- Está acontecendo uma briga mais a frente… na esquina tem três rapazes discutindo, a polícia vai demorar a chegar com esse engarrafamento… Você tem que fazer alguma coisa! 
-Alguma coisa… Sim, vou deixar tudo sobre controle. Disse Super Fly com a voz trêmula. 
Voou rapidamente a Super Fly, e do alto, deu para ver um carro azul encostado e um sujeito musculoso discutindo com mais dois sujeitos que pareciam não compreender alguma coisa naquela situação. 
- Quer dizer que você não é um cidadão legal e está de posse de uma arma! Quem você pensa que é para exibir uma arma em seu carro? Gritou um gordo homem loiro de roupas sociais. 
- Você não tinha nada que olhar para dentro do meu carro… É minha propriedade, e não sou um criminoso, estou exercendo meu direito legal… Retrucou o sujeito que mais parecia um urso. 
- Quem garante que não vai dar um tiro na minha cara nesse momento?… Há crianças aqui! Disse outro sujeito. 
- Terrorismo, eu ouvi isso? Ora… Então o maior deu passos furiosos para cima. 
De repente dois estampidos foram ouvidos e se seguiu a correria e carros arrancando, curiosos se jogaram no chão, eram tiros disparados e logo depois se ouviu um grito de dor. 
- Ah… 
Até aquele momento Super Fly nunca havia levado um tiro, então naquele curto espaço de tempo lembrou-se da noite em que tinha pedido a um gênio aqueles poderes no orfanato, depois recordou-se de de sua infância rejeitada na escola e, finalmente, pensou amigos que tinham poderes como os seus na Universidade de Mutantes. O sangue escorria entre seus dedos que seguravam o braço firmemente, mas o buraco em sua pele não estava mais ali, havia sido curado por seus poderes regenerativos, e se não fosse pela sua velocidade em vôo e seu pouso rápido alguém poderia ter se dado muito mal, procurou com os olhos ver de onde veio o tiro, mas não achou a arma na mão do homem, não havia sido ele o autor dos disparos. 
- Ei! Você! espere… Gritou Super Fly para um homem que estava em meio à multidão e agora tinha começado a fugir. 
- Vocês estão bem? Perguntou Super Fly olhando para trás vendo os dois homens atirados no chão com medo. Não obteve resposta e não teria tempo para ouvi-la. 
Levantou vôo e avistando-o em meio à multidão, perseguiu o executor dos disparos, e para sua surpresa o homem também era alto e tinha uma mochila colorida. Pousou na frente do homem que se espantou e logo depois ficou com medo apontando a arma para Super Fly. 
- Sai… Não foi com você. 
- Seu ódio não vai levar a nada e você não pode me... - Tentou manter a calma a Super Fly. 
Ouviu mais dois tiros que não conseguiram alcançá-la pois ela levitava e era impossível acertá-la quando se encontrava voando. Aproximando-se do homem, Super Fly, com apenas os dedos da mão, tirou-o do chão pegando em sua gola, e tentou manter a calma. 
- Seu ódio o cegou, infelizmente poderia tirar a vida de pessoas inocentes e terei que detê-lo. Disse Firmemente. 
A polícia e uma ambulância chegaram, policias tiraram o infrator das mãos de Super Fly, mas não deram os parabéns e nem falaram nada diretamente, nenhuma palavra de conforto. Uma criança estava na ambulância atrás da Super Fly e havia levado um tiro, ao olhar para trás isso foi como um banho de água fria em seus sonhos. Não adiantou ter poderes, inevitavelmente alguém saiu ferido. 

MH COMICS: Super Fly - Esperança! Anual #1
Escritores:
Luiz Mendes
Produção
Luiz Mendes
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Produção Anual

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